quarta-feira, 29 de maio de 2019

Papa Francisco, no encontro “Sim à vida”: “O aborto nunca é a resposta ideal”

“Nenhum ser humano jamais pode ser incompatível com a vida, seja pela sua idade, pela sua saúde e pela qualidade da sua existência. Toda criança, desde o seio da sua mãe, é um dom, que muda a história de uma família. Ela deve ser sempre bem-vinda, amada e cuidada”, disse o papa Francisco durante o Encontro Internacional “Sim à vida: cuidado com o precioso dom da vida na fragilidade”.

O encontro, promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e pela Fundação “O Coração em uma gota”, que acolhe crianças recém-nascidas em extrema fragilidade, reuniu cerca de 300 participantes no Vaticano. Entre eles, o assessor da Comissão Episcopal para Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Jorge Alves Filho.
Padre Jorge

“Foi para mim uma demonstração de que nossa Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família está em sintonia com o pensamento do Papa Francisco. Em Roma refletimos sobre o sim à vida. Apoio às famílias que enfrentam uma gravidez de crianças com alguma doença. Estar diante do Papa é poder dizer a ele que trabalho na CNBB, justamente com a Pastoral Familiar, que defende a vida, é verdadeiramente uma grande graça”, destacou.
Segundo padre Jorge, é sempre bom estar diante de uma pessoa que tem demonstrado como é necessário que a Igreja se aproxime mais das pessoas em suas realidades familiares bem-sucedidas, mas principalmente daquelas que são mais frágeis. “Onde há uma família, ali deve estar sempre um agente da Pastoral Familiar, sobretudo, lutando pela defesa da vida”.
Em seu discurso, o papa disse ainda que as crianças, em alguns casos, são definidas pela cultura do descarte como incompatíveis com a vida. “Nenhum ser humano jamais pode ser incompatível com a vida, seja pela sua idade, pela sua saúde e pela qualidade da sua existência. Toda criança, desde o seio da sua mãe, é um dom, que muda a história de uma família. Ela deve ser sempre bem-vinda, amada e cuidada”, destacou.
Segundo o Pontífice, quando uma mulher descobre que está esperando um filho, sente a profunda sensação de um mistério, que cresce dentro de si, permeia todo o seu ser e a torna mãe. Entre ela e a criança, Francisco afirma que instaura-se um intenso diálogo, uma relação real desde o momento da concepção.
“Esta capacidade comunicativa não é só da mulher, mas, sobretudo, da criança, que, em sua individualidade, envia sinais da sua presença e das suas necessidades à mãe. Hoje, as técnicas modernas fazem um diagnóstico pré-natal, prevendo malformações e patologias, que poderiam comprometer a vida da criança e a serenidade da mulher”, explicou o Papa, que prosseguiu alertando: “A autenticidade da sua evolução é muito subjetiva e, eventualmente, pode ser resolvida com as devidas terapias. Por isso, os médicos jamais devem esquecer o valor sagrado da vida humana e a sua proteção”.
Foto: Vatican Media

Aos médicos, o Santo Padre revelou: “A profissão do médico é uma missão, uma vocação para a vida. Eles devem estar conscientes de que são um dom para as famílias. Por isso, devem assumir a vida dos outros, enfrentar a sua dor; serem capazes de tranquilizar e encontrar soluções sempre no respeito da dignidade da vida humana”.
Ao cuidar das crianças terminais, Francisco comentou que os médicos devem ajudar os pais a aceitarem a realidade e a aliviar sua dor. “Infelizmente, a cultura dominante, hoje, não promove este aspecto. Em nível social, o temor e a hostilidade, diante da deficiência física, podem levar, muitas vezes, à escolha do aborto, como prática de ‘prevenção’”, completou o Pontífice que recordou o ensinamento da Igreja:
“A vida humana é sagrada e inviolável e o uso da diagnose pré-natal, para propósitos seletivos, deve ser fortemente desencorajado. O aborto nunca é a resposta ideal que as mulheres e as famílias buscam. Neste sentido, as ações pastorais são sempre urgentes e necessárias para criar espaços, lugares e ‘redes de amor’, aos quais os casais podem se dirigir, além de dedicar tempo para acompanhar as famílias”.
O Santo Padre concluiu seu discurso aos participantes no encontro internacional, agradecendo a todos os que trabalham para a defesa da vida, em particular, às famílias, mães e pais, que acolheram a vida frágil e, agora, são solidários e ajudam outras famílias. “Seu testemunho de amor é um presente para o mundo!”, encerrou.


sexta-feira, 17 de maio de 2019

Próximo Encontro Mundial das Famílias sobre vocação e santidade

No quinto aniversário da Exortação Apostólica 'Amoris Laetitia' e três anos após a promulgação da Exortação apostólica 'Gaudete et Exsultate', esse encontro pretende ressaltar o amor familiar como vocação e caminho de santidade a fim de entender e partilhar o sentido profundo e salvífico das relações familiares na vida cotidiana.

“Amor familiar: vocação e caminho de santidade.” Este é o tema escolhido pelo Papa Francisco para o próximo Encontro Mundial das Famílias que se realizará, em Roma, de 23 a 27 de junho de 2021.
“No quinto aniversário da Exortação apostólica Amoris Laetitia e há três anos da promulgação da Exortação apostólica Gaudete et Exsultate, esse encontro pretende ressaltar o amor familiar como vocação e caminho de santidade a fim de entender e partilhar o sentido profundo e salvífico das relações familiares na vida cotidiana”, ressalta a nota do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, divulgada nesta sexta-feira (17/05).
“Para esse fim, o Encontro Mundial das Famílias propõe reler a Amoris Laetitia à luz do chamado à santidade da Gaudete et Exsultate.”

Fidelidade e perseverança
Segundo o texto do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, “o  amor conjugal e familiar revela o dom precioso do viver juntos, alimentando a comunhão e prevenindo a cultura do individualismo, do consumo e do descarte: «A experiência estética do amor exprime-se naquele olhar que contempla o outro como fim em si mesmo» (Amoris Laetitia 128) e ao mesmo tempo reconhece a outra pessoa em sua identidade familiar sagrada, como marido, mulher, pai, mãe, filho/a, avô/ó”.
“Ao dar forma à experiência concreta do amor, matrimônio e família manifestam o valor elevado das relações humanas, na partilha das alegrias e fadigas, e no desempenho da vida cotidiana, orientando as pessoas ao encontro com Deus. Esse caminho, quando vivido com fidelidade e perseverança, fortalece o amor e realiza a vocação à santidade, própria de cada pessoa, que se concretiza nas relações conjugais e familiares.”
“Nesse sentido, a vida familiar cristã é vocação e caminho de santidade, expressão do «rosto mais belo da Igreja»”, conclui a nota do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.


segunda-feira, 13 de maio de 2019

Dia das Mães: 10 mamães católicas que alcançaram a santidade

Por ocasião da celebração do Dia da Mãe, apresentamos uma lista de 10 mães que chegaram à santidade. Mulheres que são exemplo para as mães católicas de hoje, que mostram que na vida cotidiana do matrimônio e da família é possível alcançar a glória do céu.
Antes de todas as santas, porém, destacamos a Mãe de Deus, a Virgem Maria, aquela que com o seu “sim” concebeu e deu à luz o Salvador. Ela que acompanhou o Senhor em todos os momentos, guardava e meditava tudo em seu coração.
Maria, a mais humilde entre as mulheres, se tornou modelo para toda mulher e mãe, exemplo de amor, fidelidade, confiança em Deus. Além disso, foi à Maria que, na cruz, Jesus entregou toda a humanidade através de São João. Por isso, também nós a chamamos nossa Mãe.

A seguir, a lista das 10 santas mães:

1. Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962)
Esta Santa italiana adoeceu de câncer e decidiu continuar com a gravidez de seu quarto filho, em vez submeter-se a um aborto, como lhe sugeriam os médicos para salvar sua vida.
Gianna estudou medicina e se especializou em pediatria. Seu trabalho com os doentes se resumia na seguinte frase: “Como o sacerdote toca Jesus, assim nós, os médicos, tocamos Jesus nos corpos de nossos pacientes”.
Casou-se com o Pietro Molla, com quem teve quatro filhos. Durante toda sua vida, conseguiu equilibrar seu trabalho com sua missão de mãe de família.
Gianna morreu em 28 de abril de 1962, aos 39 anos, uma semana depois de ter dado à luz. Foi canonizada em 16 de maio de 2004 pelo Papa João Paulo II, que a tornou padroeira da defesa da vida.

2. Santa Mônica (332-387), mãe de Santo Agostinho
A mãe de Santo Agostinho nasceu no Tagaste (África) no ano 332. Seus pais a casaram com um homem chamado Patrício. Embora fosse trabalhador, seu marido era violento, mulherengo, jogador e desprezava a religião.
Durante 30 anos, Mônica sofreu os ataques de ira de seu marido. Santa Mônica orava e oferecia sacrifícios constantemente pela conversão de seu esposo. No ano 371, Deus lhe concedeu este desejo e Patrício se batizou. Ficou viúva um ano depois, quando Agostinho tinha 17 anos.
Durante 15 anos rezou e ofereceu sacrifícios pela conversão de seu filho, que levava uma vida libertina. No ano 386, Santo Agostinho lhe anunciou sua conversão ao catolicismo e seu desejo de permanecer celibatário até a morte.
Morreu santamente no ano 387, aos 55 anos. Muitas mães e esposas se pedem a intercessão de Santa Mônica pela conversão de seus filhos e maridos.

3. Santa Rita de Cássia (1381-1457)
Embora desde menina quisesse ser religiosa, seus pais a casaram com o Paolo Ferdinando.
Seu marido pertencia a uma família de mercenários e, apesar de beber muito, ser mulherengo e violento, Rita foi fiel durante todo seu matrimônio. O casal teve filhos gêmeos do mesmo temperamento do pai. A Santa encontrou fortaleza em Jesus, a quem oferecia sua dor.
Depois de 20 anos de oração, Paolo se converteu e começou um caminho de santidade junto a Rita. Entretanto, foi assassinado por seus inimigos. Seus filhos juraram vingar a morte de seu pai e Rita pediu ao Senhor que lhes concedesse a morte antes de vê-los cometer um pecado mortal. Antes de morrer, os gêmeos perdoaram os assassinos de seu pai.
No ano 1417, ingressou como religiosa no convento das religiosas Agostinianas. Ali meditou e aprofundou a Paixão de Cristo. Em 1443, recebeu os estigmas. Depois de uma grave enfermidade, faleceu em 1457. Seu corpo está incorrupto até hoje. É conhecida como a “Santa das Causas Impossíveis”.

4. Santa Maria da Cabeça (?- 1175)
Maria Toribia nasceu na Espanha, próximo de Madri. Foi a esposa de São Isidro Lavrador. Realizava seus trabalhos com humildade, paciência, devoção e austeridade. Além disso, sempre foi atenta e serviçal com seu marido. O casal só teve um filho.
Como tanto Isidro como Maria queriam ter uma vida totalmente entregue a Deus, decidiram se separar. Seu marido ficou em Madri e Maria partiu para uma ermida. Ali, entregou-se a profundas meditações e fazia obras de caridade.
Quando Maria da Cabeça morreu, foi enterrada na ermida que com tanto amor visitava. Seus restos foram transladados para Madri e são atribuídos a ela milagres de cura dos males da cabeça.

5. Santa Ana, Mãe da Virgem Maria
Joaquim e Ana eram um rico e piedoso casal que residia no Nazaré. Como não tinham filhos, ele sofria humilhações no Templo. Um dia, o santo não voltou para sua casa, mas foi às montanhas para entregar a Deus sua dor. Quando Ana se inteirou do motivo da ausência de seu marido, pediu ao Senhor que lhe tirasse a esterilidade e lhe prometeu oferecer seus filhos para seu serviço.
Deus escutou suas orações e enviou-lhe um anjo que lhe disse: “Ana, o Senhor olhou suas lágrimas; conceberá e dará à luz e o fruto de seu ventre será bendito por todo mundo”.  Este anjo fez a mesma promessa a Joaquim. Ana deu à luz uma filha a quem chamou Miriam (Maria) e que foi a Mãe de Jesus Cristo.

6. Beata Ângela de Foligno (1249-1309)
Ângela viveu apegada às riquezas desde sua juventude até sua vida de casada. Além disso, teve uma vida libertina.
Em 1285, sofreu uma crise existencial. Como vivia perto de Assis, sentiu-se tocada e desafiada pelo exemplo de São Francisco. Um dia, estava tão atormentada pelo remorso que pediu ao Santo que a livrasse. Então foi à Igreja de São Feliciano, onde fez uma confissão de vida.
Ali fez uma promessa de castidade perpétua e começou a levar uma vida de penitência, dando de presente seus melhores vestidos e fazendo estritos jejuns. Depois de sua conversão, perdeu sucessivamente sua mãe, seu marido e seus oito filhos. Morreu em 1309.

7. Santa Isabel de Portugal (1274-1336)
Aos 12 anos tornou-se esposa do Diniz, rei de Portugal. Desde que chegou ao país, ganhou a simpatia do povo por seu caráter piedoso e devoto. Embora seu marido fosse mulherengo e tivesse filhos com várias mulheres, Isabel os acolheu na corte e lhes deu uma atenção cristã. Mas, quando o príncipe Afonso advertiu que seu direito ao trono estava em perigo, decidiu rebelar-se e o rei respondeu violentamente.
Esta briga entre Diniz e Afonso causou muita dor a Isabel que interveio muitas vezes nas batalhas entre eles. Um dia, a rainha se interpôs entre ambos exércitos para evitar o derramamento de sangue.
Logo depois da morte do rei em 1324, Isabel se retirou para Coimbra e recebeu o hábito como franciscana clarissa. Em 1336, eclodiu um novo conflito entre o Afonso IV e o rei de Castilla, Afonso XI, que era neto da Isabel.
A rainha foi até o acampamento dos exércitos, onde foi recebida e caiu doente. Antes de morrer, seu filho lhe prometeu que não invadiria Castilla.

8. Santa Clotilde (474-545)
Graças a ela, o fundador da nação francesa se converteu ao catolicismo e a França foi um país católico. A rainha convencei seu marido a converter-se ao cristianismo se ele ganhasse a batalha de Tolbiac, contra os alemães.
O rei Clodoveu obteve a vitória e foi batizado no Natal de 496 pelo Bispo São Remígio. Naquela mesma noite, receberam o sacramento a irmã do rei e três mil de seus homens. Desde esse momento, Clotilde foi chamada na França: “Filha primogênita da Igreja”.
Clotilde era amada por todos por causa de sua grande generosidade com os pobres, sua pureza e devoção. Seus súditos estavam acostumados a dizer que parecia mais uma religiosa do que uma rainha.
Depois da morte de Clodoveu, houve guerra porque seus dois filhos queriam o trono. Durante 36 anos, Clotilde rezou pela reconciliação de ambos. Um dia, quando os dois exércitos estavam preparados para o combate, surgiu uma forte tormenta que impediu a batalha. Graças à oração da rainha, os irmãos fizeram as pazes.

9. Santa Helena (270-329)
Em meio à pobreza, conheceu o general romano Constâncio Cloro. Apaixonaram-se e se casaram. O filho do casal foi o imperador Constantino. Foi repudiada por seu marido, por ambição ao poder. Santa Helena passou 14 anos de sofrimento e se converteu ao cristianismo.
Em 306, Constantino foi proclamado imperador romano, embora continuasse sendo pagão. Entretanto, converteu-se quando viu uma Cruz, antes da batalha da Saxa Rubra, com uma legenda que dizia: “Com este sinal vencerás”.
Depois da vitória, Constantino decretou a livre profissão da religião católica e expandiu o cristianismo por todo o império. O imperador autorizou sua mãe para que utilizasse o dinheiro do governo para realizar boas obras. A Igreja atribui à Santa Helena o descobrimento da Cruz de Cristo. Morreu santamente no ano 329.

10. Santa Zélia Martin, Mãe de Santa Teresinha de Lisieux (1831-1877)
Embora durante sua juventude também quisesse ser religiosa, a abadessa lhe negou a entrada ao convento. Por isso, decidiu abrir uma fábrica de rendas caseiras. A boa qualidade de seu trabalho fez sua oficina famosa. Sempre teve uma boa relação para com seus trabalhadores.
Em 1858, Zélia passou pelo jovem relojoeiro Luís Martin na rua. Em pouco tempo ambos se apaixonaram e se casaram três meses depois.
Zélia sempre quis ter muitos filhos e que todos fossem educados para o céu. Isso foi exatamente o que fez porque suas cinco filhas Paulina, Leonia, Maria, Celina e Teresa foram religiosas. A última foi Santa e Doutora da Igreja.
O amor que Zélia sentia por Luís era profundo e elevado. Para ela, sua maior alegria era estar junto a seu marido e compartilhar com ele uma vida santa.
Em 1865, o câncer no seio provocaria muito sofrimento a Zélia. Entretanto, soube assumir sua enfermidade e estava disposta a aceitar a vontade de Deus. Morreu em 1877.
Foi beatificada junto com seu marido pelo Papa Bento XVI no ano 2008. Em 2015, o casal foi canonizado pelo Papa Francisco.


Ela salvou o filho do aborto – e ele a salvou da morte

Lucas viveu 26 minutos inesquecíveis à luz deste mundo. "Sempre dizíamos que Deus havia nos dado o Lucas e somente ele nos tiraria"

Quando a primeira ecografia permitiu que, na 12ª semana de gestação, todos ouvissem com intensa emoção o coraçãozinho de Lucas batendo, o médico de repente mudou de expressão.
Era o ano de 2011. Logo depois que a primeira filha, Maria Isabela, de 3 anos, foi gentilmente acompanhada para fora do consultório para que o médico pudesse conversar com mais tranquilidade com a nutricionista Simone Marquesine e seu esposo, a alegria da nova gravidez passou a conviver com algo que Simone descreveu assim ao site pró-vida Sempre Família:
“Parecia que havia perdido o chão. Uma tristeza profunda tomou conta do meu coração e tudo parecia uma mentira”.
O exame estava mostrando que o bebê tinha má formação. A calota craniana não tinha se fechado. O diagnóstico era de encefalocele occipital, agenesia renal, espinha bífida e microcefalia.
O obstetra que avaliou em seguida aquele exame contou a Simone que, em 30 anos de medicina, só tinha visto um caso semelhante anteriormente – e o primeiro bebê não tinha sobrevivido.
Nas semanas seguintes, muita gente perguntava à família o que eles iriam fazer.
“Para nós não havia dúvida alguma. Sempre dizíamos que Deus havia nos dado o Lucas e somente ele nos tiraria. Imagina! Eu já havia ouvido seu coraçãozinho bater e, mesmo que não tivesse, não teríamos a coragem de fazer um aborto”.
O casal combinou com o médico levar a gestação até a 38ª semana, quando o pulmão do bebê estaria pronto para a cesárea. Depois do nascimento seria estudada uma cirurgia neurológica.
Na espera que parecia eterna, Simone se alicerçou na fé e no apoio de amigos e família. As orações da sua comunidade a confortavam e traziam a experiência da companhia:
“Além dos parentes, irmãos, amigos, sabia que Jesus estaria conosco até o fim”.
As muitas incertezas, porém, estavam sempre à sombra. O casal consultou de neuropediatra a geneticista e fez novos exames.
“Foram nove meses em que pude amar e lutar pelo ‘Luquinhas’. Eu ficava angustiada às vezes, ouvindo que ele seria incompatível com a vida, mas pedia a Deus que fizesse o melhor para ele. Claro, ouvi de algumas pessoas que era melhor abortar, mas ignorei. Jamais faria isso”.

Lucas retribui: chega a vez dele de salvar a mãe!
Entre a 35ª e a 36ª semana de gestação, dores intensas e inchaço na perna levaram Simone ao médico vascular, cujo diagnóstico gerou mais um susto: ela estava com trombose e foi internada imediatamente para aplicação de anticoagulante. Os coágulos estavam perto da virilha e um deles, de grande extensão, ficava numa artéria próxima do coração.
Nesse contexto angustiante, uma surpresa deixou Simone arrepiada:
“[O médico] me disse com essas palavras: ‘Seu bebê é quem te salvou, pois a gravidez fez pressão e impediu que o coágulo se deslocasse. No estágio em que você está, poderia ser fatal a qualquer momento’”.
O que o médico vascular não sabia era que Lucas tinha má formação – e que muita gente tinha “recomendado” que Simone fizesse um aborto.
A cesárea seria de alto risco por causa da possível hemorragia, o que obrigou Simone a um tratamento de 20 dias durante os quais nem podia levantar-se da cama para evitar o deslocamento do coágulo. Foram dias de terrível dor não somente física, mas principalmente emocional: quanto tempo o filhinho estaria com ela?
“Durante aqueles dias, agradeci muito ao Lucas por me salvar e também disse o quanto o amava, mesmo sem vê-lo”.

E nasce Luquinhas, para uma visita de 26 minutos à luz deste mundo!
Em 12 de maio, véspera do Dia das Mães, Lucas nasceu com 1,8 kg para estar com sua família durante inesquecíveis 26 minutos.
“Não consegui vê-lo pois, como o médico havia previsto, tive muita hemorragia e fiquei no Centro de Terapia Intensiva por quatro dias. Minha mãe, minha sogra, uma amiga e meu esposo disseram que ele era lindo e perfeito; que visivelmente não tinha má formação”.
No CTI, Simone ainda dava forças para outra mãe, que tinha perdido a filha.
“Só podia ser Deus mesmo para me sustentar naquele momento”.
Dois dias depois, o marido e alguns familiares e amigos fizeram o sepultamento do pequeno grande Lucas.
“Com muita dor não pude participar desse momento também, pois estava fazendo transfusão de sangue. Fiquei muito fraca por causa da hemorragia”.
Simone passou 30 dias no hospital até poder voltar para casa.
“Terminei a licença maternidade, tomei medicamento para secar o leite, fiz tratamento para a trombose, tudo com muita luta, mas com a maior certeza do meu coração: fiz o que era certo. Quem diria que, sete anos depois, eu iria contar essa história, próximo da mesma data, o Dia das Mães. Me emociono como se fosse hoje e me sinto muito honrada por Deus me escolher para viver essa história”.