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As crianças e os jovens da era
tecnológica dominam com seus ágeis dedos os botões dos aparelhos eletrônicos e
viajam pelos games dos visores dos computadores, dos iPads e dos iPhones.
É tão atraente e envolvente a
cultura dos games que os adultos – que antigamente exigiam das crianças e dos
jovens que deixassem o futebol, as pipas, as bicicletas e os carrinhos de
rolemã para estudarem – hoje são seus imitadores.
Em aeroportos, em longas viagens
aéreas, nas salas de espera dos consultórios ou na privacidade dos quartos
pessoais e em muitos outros lugares – menos no ambiente de trabalho
profissional –, o que se vê são adultos que não conseguem deixar de ser dessa
“geração games”.
Talvez ser da “geração games”, sendo
da antiga geração do telefone fixo, da máquina de escrever, das cartas
manuscritas, das brincadeiras que mexiam com todo o corpo e não só com a
agilidade dos dedos polegares seja muito relaxante, ajude a aliviar o estresse
do atual mundo tecnológico.
O que talvez não seja relaxante nem
aliviante é ser da geração “games de família”. O que é a geração “games de
família”? Consideremos a atual cultura pós-moderna caracterizada “pela
autorreferência do indivíduo, que conduz à indiferença pelo outro, de quem não
necessita e por quem não se sente responsável” (cf. Documento de Aparecida, nº
46), a fim de entender exatamente essa “nova geração”.
Esta cultura individualista tem
produzido uma geração de pensadores que se autodenominam intelectuais da
desconstrução de padrões antiquados ou uma geração de feministas emancipadas
que julgam ser a melhor geração de mulheres de toda a história da humanidade:
nunca se ouviu dizer, afirmam essas feministas, que tenha existido mulheres tão
livres da família, da maternidade, da religião “machista”, como as atuais
mulheres.
Esta geração com enormes e gigantes
“dedões polegares” é manipuladora da inteligência e da consciência humana,
acabando com a real família, fundada por Deus sobre a união do amor autêntico
existente na relação de um homem com uma mulher, aberto à descendência natural,
cultivado dentro de um lar acolhedor e com um projeto comum a longo prazo para
as vidas dos pais e dos filhos.
Esses “dedões polegares” monstruosos
fabricam “games de famílias” e brincam com eles, mexendo nos botões dos
conceitos de amor, identificando-o exclusivamente com afetos: então surgem as
uniões homoafetivas, as heteroafetivas com lares separados, e a última novidade
em “games”, as uniões poliafetivas de um homem com duas mulheres ou mais. Esses
“dedões polegares” brincam com os botões da educação dos filhos, e querem
demonstrar que qualquer um pode ser excelente pai ou mãe, ou competentes pais
ou mães, inigualáveis “monopais” ou “monomães”, sem ter outro requisito
pedagógico que seguir um critério contrário ao modelo de educação já existente
nas reais famílias, às quais eles gostam de chamar de famílias tradicionais ou
conservadoras.
Quando esses “intelectuais e essas
feministas” enveredam pela via da sexualidade humana os “games-famílias”
mostram nas suas telas todos os tipos de relacionamentos classificados por
letras do alfabeto e considerados chaves mágicas que abriram – felizmente,
disse as pessoas acima mencionadas – as portas dos armários escuros, autênticos
esconderijos de rapazes e moças que não tinham, até que chegaram os “dedões
polegares”, a aceitação das suas opções dentro das esferas do mundo da
religião, da política, da cultura e da mídia.
O mundo que Deus criou foi
considerado bom e depois muito bom com a criação do homem e da mulher, resiste
à imposição dos “games famílias”. Essa resistência não tem nada a ver com as
pessoas que estão vivendo dentro dessas novas formas de considerar o que é
família. O amor ao próximo exige o respeito profundo por todas as pessoas,
independentemente de serem pessoas que acertaram ou erraram em suas escolhas
vitais. Esse mesmo amor ao próximo exige, porém, o amor à verdade, que deve ser
anunciada ao próximo e o amor à beleza da vida familiar tal como está no
projeto divino para o futuro do mundo.
Retornando às palavras do Papa Bento
XVI no discurso inaugural da Conferência Geral do Episcopado do continente
americano em Aparecida no ano 2007: “quem exclui Deus de seu horizonte
falsifica o conceito de realidade e, em consequência, só pode terminar em
caminhos equivocados e com receitas destrutivas.” Convém ver as consequências
dessas brincadeiras com a família.
Sendo a família segundo um projeto
de Deus, ela é o maior “patrimônio da humanidade”, e quem exclui esse projeto
através do Play Station com seus vários “games-família” acaba empobrecendo,
cultural e eticamente, a humanidade.
Necessita-se, portanto, de uma nova
geração de intelectuais e de mulheres que crie um feminismo “de ponta”, de
autênticos valores para as mulheres e para os homens, que saiba, sem o uso de
“dedões e de dedinhos ágeis”, elaborar uma cultura própria do enorme valor
desse patrimônio da humanidade.
Necessita-se também de jovens que
sejam rebeldes e reclamem contra esses “dedões polegares” dos
pseudo-intelectuais e das pseudo-feministas, e que sejam, principalmente,
voluntários de Deus para serem construídas famílias-famílias, nas quais as mães
queiram ser mães e também profissionais, procurem ser excelentes educadoras,
psicólogas, comunicadoras na educação dos seus filhos e, sem terem o salário
que mereceriam por dedicarem-se à família, sejam empresárias do lar,
gerenciando suas famílias com competência, visão de futuro e consciência de que
nem o Estado nem os “pseudo-pensadores” sejam os gerenciadores das suas casas,
quando na verdade terminam sendo perturbadores da tranquilidade e da
privacidade do ambiente de amor verdadeiro, única lei gerencial da família.
Necessita-se de rapazes que queiram
ser pais, que exerçam sua altíssima responsabilidade de ser, com as mães, os
grandes heathunders – os “caçadores de inteligência” – que irão
trabalhar por políticas familiares autênticas que correspondam aos direitos da
família como sujeito social insubstituível.
Necessita-se finalmente de uma
geração nova de filhos, que mesmo tendo dedos ágeis para mexerem nos
instrumentos da era tecnológica, tenham dedos mais ágeis ainda para mexerem com
os seus pais, apontando-lhes os seus direitos irrevogáveis e intransferíveis no
campo da educação, da proteção moral e do cuidado com seus descendentes,
especialmente os que nascem doentes ou deficientes, pois estes são os filhos
que os irmãos querem e que têm o direito de nascerem numa família-amor, e seus
irmãos têm o dever de amá-los com mais ardor e fervor do que se fossem sadios.
A família, segundo Deus, faz parte
do bem dos povos e da humanidade inteira, e é um tesouro tão importante para a
nação brasileira, que a Igreja Católica não pode omitir-se na sua promoção e
defesa, sobretudo na sua missão de vigiar quando surgem “modelos ampliados” e
apresentados como objeto de consumo nesses enganosos “games famílias”.
Ser família, pensar família, amar
família, proteger família, promover família... é a missão de todos, católicos e
cristãos, homens e mulheres de boa vontade em todas as crenças... é dever do
Estado e do povo brasileiro!
Dom Antonio Augusto
(Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio)
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