quinta-feira, 21 de junho de 2012

A luta do século




Por Dom Antônio Augusto Dias Duarte 
Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Jesus Cristo profetizou que, ao longo dos séculos, haveria que tomar cuidado com os doutores da lei (cf. Mc 12, 38), e a razão dessa sua prevenção é que os “falsos doutores” têm um gosto especial pelas primeiras cadeiras, pelos melhores lugares, pelo uso de roupas vistosas e pelos cumprimentos de setores públicos bem concretos.


O que era uma realidade social e religiosa há mais de 20 séculos – a presença de mestres da maldade – existe em alguns profissionais do mundo jurídico, médico e acadêmico da pós-modernidade. Dentro desse mundo circulam alguns “doutores da lei” que gostam de um destaque midiático, que se cobrem com as roupas vistosas do politicamente correto, que sonham com a popularidade junto a algumas minorias ideológicas, especialmente quando tratam de questões relativas à vida humana, à família fundada sobre o matrimônio entre o homem e a mulher, à sexualidade humana, aos direitos do nascituro e dos enfermos incuráveis. De uma forma singular, gostam de atacar a religião católica e a sua missão defensiva dos verdadeiros Direitos Humanos, além da sua ação positiva a favor de todos os homens e de uma cultura realmente humanitária.


Quem ainda duvida que os Direitos Humanos somente são merecedores desse título quando aplicáveis a todas as pessoas sem distinções, em quaisquer idade e circunstâncias? Quem se julga tão soberano e tão poderoso que não tenha que prestar contas a Deus, à história da humanidade e, sobretudo, não tenha que se responsabilizar pelo bem comum acima de todos os interesses particulares de grupos financeiros, políticos e ideológicos?


É impressionante constatar como, nas últimas semanas, surgiu um volume grande de decisões ministeriais, sobretudo no campo da saúde, da comunicação e do serviço social, os quais, sem a mínima base humanitária, têm como único objetivo atentar contra a dignidade da pessoa humana e contra o valor sagrado da sua vida. Nos tempos em que vivemos há um impressionante “tsunami amoral arrasador” que, invadindo a família, a cultura, os colégios, as universidades e a mídia, traz consigo ondas destruidoras dos valores humanos e cristãos sobre os quais deve alicerçar-se uma sociedade justa, pacífica e evoluída, humanamente falando.


Esses “doutores da lei” – ministros, assessores, secretários, deputados e senadores, membros de comissões etc. – sentam-se nas suas cadeiras diante de microfones e filmadoras, e com um dogmatismo fechado ao diálogo com todos os segmentos da sociedade, defendem, por exemplo, a descriminalização do aborto, da eutanásia e das drogas; dispõem-se a acolher as mulheres que “desejam fazer” – ou são pressionadas a fazer por pessoas inescrupulosas? – aborto e dizem que vão orientá-las no “uso correto e seguro?!” dos métodos de matar crianças inocentes; estabelecem normas técnicas para a criação de centros de orientação sobre o aborto em todo o Brasil; escrevem cartilhas para instruir menores de idade e adolescentes para que esses brasileiros exerçam seus “direitos sexuais reprodutivos”, isto é, aprendam a fazer sexo sem compromisso e sem valores, ao exercerem o falso e enganoso direito de ter todo prazer possível sem ter filhos, tomando cuidado e usando pílulas ou adquirindo Cytotec, substância abortiva, para matarem assim o filho concebido na relação sexual.


O compromisso que todos os leigos católicos – e não só bispos e padres – têm com Deus e com o tempo histórico no qual vivem é formado, por um lado, pela defesa corajosa da vida humana desde a sua concepção até o seu término natural, evidenciando as injustiças existentes na sociedade nesse campo. Por outro lado, de testemunhar os valores humanos sobre os quais se fundamenta a dignidade da pessoa e se favorece o bem comum de todos, objetivo supremo dos governantes, dos seus ministros, legisladores e juízes.


O que todos os católicos devem cuidar com muito esmero e com muita coragem nos dias de hoje – segundo a profecia de Cristo mencionada ao princípio – é da família, do homem e da mulher, dos nascituros, da integridade moral das crianças e dos adolescentes e, sobretudo, devem travar a necessária batalha do bem contra o mal cultivado em altos ambientes onde há gente com desejo de criar um mundo de morte. A luta do século tem um só vencedor: o Bem, à disposição de todas as pessoas. 


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