segunda-feira, 27 de maio de 2013

Creio em Deus Uno e Trino

Crer em Deus é a primeira afirmação da nossa profissão de fé e também a mais fundamental. Todas as outras verdades da fé partem da existência de Deus e de sua obra de criação, de salvação e de santificação do homem e do cosmos. Cremos em um único Deus, o qual Jesus o desvelou como Trindade: Pai e Filho e Espírito Santo. A comunhão com ela é a meta da fé e da vida cristã.

Jesus revela a Trindade
            O povo de Israel, em sua história, vai descobrindo e afirmando o senhorio do único Deus, Criador, Salvador e Senhor. Jesus vai confirmar a fé israelita, quando diz: “O primeiro de todos os mandamentos é este: ‘Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças.’” (cf. Mc 12,29-30) Todavia, Jesus vai revelar algo novo: o mistério do Deus Uno e Trino. Ele vai chamar a Deus de Pai (cf. Mt 11,27;12,50) num sentido novo e profundo, pois está reconhecendo-O não apenas como Criador de todas as coisas, mas, sobretudo, em relação a sai mesmo, na sua eterna geração (cf. Jo 1,1;10,30;14,9). Assim, Jesus é o único Filho de Deus, gerado eternamente antes que o mundo fosse criado e esplendor de sua glória (cf. Cl 1,5; Hb 1,3).
            Jesus, ainda, vai revelar que, após a sua Páscoa, o seu Pai enviará o Espírito Santo (cf. Jo 14,16), que tem a missão de ensinar e conduzir a Igreja à verdade (cf. Jo 14,26; 16,15). O homem sozinho não poderia ascender a um conhecimento tão alto como o do Deus Uno e Trino, se este não o fosse comunicado pelo próprio Deus (Ef 1,17).

O Pai e o Filho são consubstanciais
            A fé no Deus Uno e Trino apresentou dificuldades e questões desde o início. Um dos momentos ápices desta tentativa de salvaguardar a fé foi durante o quarto século. Dentro da Igreja surgiu um grupo que acreditava que, de forma geral, Jesus era um homem que foi glorificado pelo Pai, elevado e tornado superior aos outros homens e aos anjos em sua subida aos céus. Este grupo é conhecido como “arianismo”. De fato, o bispo Ário, influenciado por doutrinas platônicas, afirmava que Jesus era criatura do Pai. A Igreja, então, se uniu no I Concílio de Nicéia, em 324, para propor a verdadeira doutrina, afirmando que o “Filho é consubstancial ao Pai”. Apesar desta afirmação, o arianismo ainda vai perdurar e a Igreja terá a necessidade de confirmar sua doutrina mais à frente. No Concílio de Constantinopla, em 381, a fé vai ser ratificada na expressão “o Filho único de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”. Desta forma, se definia diante de todos a fé na qual o Pai e o Filho são um só Deus, e que Filho é gerado pelo Pai e não criado.

O Espírito é Deus como Pai e o Filho
            Macedônio, bispo de Constantinopla, influenciado por ideias arianas, negava a divindade do Espírito Santo. Ele reuniu um grupo de seguidores chamados de macedonianos (seguidores de Macedônio) ou pneumatômacos (combatentes contra o Espírito). A Igreja, ainda, no Concílio de Constantinopla, apoiada pela Teologia dos Padres Capadócios, afirmou a divindade do Espírito com a fórmula: “Cremos no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, que procede do Pai, é adorado e glorificado, juntamente com o Pai e o Filho, e falou pelos profetas”.
            Uma outra questão apareceu em relação ao envio do Espírito: Ele procedia do Pai ou do Pai e do Filho? Na Igreja oriental, sempre se proclamou que o Filho exercia uma função de intermediação e que o Espírito procedia do Pai (Fonte da Trindade) pelo Filho (por sua intercessão). Na Igreja Ocidental, a partir das igrejas da Espanha, se acreditou que o Espírito procedia do Pai e do Filho. Esta questão ficou conhecida como Filioque. Hoje já se percebe que as duas Igrejas colocaram acentos diferentes de perspectiva, pois enquanto a Oriental olhava a partir da história da salvação (economia), a Ocidental via a partir da comunhão substancial trinitária.

A Igreja e a compreensão do Dogma
            A Igreja, ajudada pelo Espírito Santo, desde o início, começa a formular sua fé. Ela quer, como o Senhor lhe vocacionou, anunciar a todos os povos a fé no Deus Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28,19). Assim, ela vai propondo as realidades que Jesus as transmitiu e que o Espírito as ensina e as recorda. A Igreja definiu as afirmações dogmáticas em meio a conflitos e muitas vezes corrigindo elementos formulados de maneira equivocada. Para isto ela vai permitir a introdução de elementos e conceitos novos, tais como: substância, pessoa, natureza, relação. O dogma da Santíssima Trindade está profundamente marcado por estes conceitos, vindos da filosofia grega. Podemos formulá-lo como o apresenta o compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CIC), pergunta 48: ”As três pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência uma com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho”. Assim, em relação à substância, à essência e à natureza falamos da unidade na Trindade; e, em relação às pessoas e às relações podemos falar de distinção na Trindade.

Para aprofundar...
            Para saber mais sobre o assunto, indicamos CIC, do número 232 a 267; no Compêndio do Catecismo, perguntas 36 a 49; e, no Youcat, perguntas 35 e 39.

Pe. Vitor Gino Finelon
Professor das Escolas de Fé e Catequese Mater Ecclesiae e Luz e Vida






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