Lucas viveu 26 minutos
inesquecíveis à luz deste mundo. "Sempre dizíamos que Deus havia nos dado
o Lucas e somente ele nos tiraria"
Quando a primeira ecografia permitiu que, na
12ª semana de gestação, todos ouvissem com intensa emoção o coraçãozinho
de Lucas batendo, o médico de repente mudou de expressão.
Era o ano de 2011. Logo depois que a primeira
filha, Maria Isabela, de 3 anos, foi gentilmente acompanhada para fora do
consultório para que o médico pudesse conversar com mais tranquilidade com a
nutricionista Simone Marquesine e seu esposo, a alegria da nova
gravidez passou a conviver com algo que Simone descreveu assim ao site
pró-vida Sempre Família:
“Parecia que havia perdido o chão. Uma
tristeza profunda tomou conta do meu coração e tudo parecia uma mentira”.
O exame estava mostrando que o bebê
tinha má formação. A calota craniana não tinha se fechado. O diagnóstico
era de encefalocele occipital, agenesia renal, espinha bífida e microcefalia.
O obstetra que avaliou em seguida aquele
exame contou a Simone que, em 30 anos de medicina, só tinha visto um caso
semelhante anteriormente – e o primeiro bebê não tinha sobrevivido.
Nas semanas seguintes, muita gente perguntava
à família o que eles iriam fazer.
“Para nós não havia dúvida alguma. Sempre
dizíamos que Deus havia nos dado o Lucas e somente ele nos tiraria. Imagina! Eu
já havia ouvido seu coraçãozinho bater e, mesmo que não tivesse, não teríamos a
coragem de fazer um aborto”.
O casal combinou com o médico levar a
gestação até a 38ª semana, quando o pulmão do bebê estaria pronto para a
cesárea. Depois do nascimento seria estudada uma cirurgia
neurológica.
Na espera que parecia eterna, Simone se
alicerçou na fé e no apoio de amigos e família. As orações da
sua comunidade a confortavam e traziam a experiência da companhia:
“Além dos parentes, irmãos, amigos, sabia que
Jesus estaria conosco até o fim”.
As muitas incertezas, porém, estavam
sempre à sombra. O casal consultou de neuropediatra a geneticista e fez novos
exames.
“Foram nove meses em que pude amar e lutar
pelo ‘Luquinhas’. Eu ficava angustiada às vezes, ouvindo que ele seria
incompatível com a vida, mas pedia a Deus que fizesse o melhor para ele. Claro,
ouvi de algumas pessoas que era melhor abortar, mas ignorei. Jamais faria
isso”.
Lucas retribui: chega a vez
dele de salvar a mãe!
Entre a 35ª e a 36ª semana de gestação, dores
intensas e inchaço na perna levaram Simone ao médico vascular, cujo diagnóstico
gerou mais um susto: ela estava com trombose e foi internada
imediatamente para aplicação de anticoagulante. Os coágulos estavam perto da
virilha e um deles, de grande extensão, ficava numa artéria próxima do coração.
Nesse contexto angustiante, uma surpresa deixou
Simone arrepiada:
“[O médico] me disse com essas palavras: ‘Seu
bebê é quem te salvou, pois a gravidez fez pressão e impediu que o coágulo se
deslocasse. No estágio em que você está, poderia ser fatal a qualquer
momento’”.
O que o médico vascular não sabia era que
Lucas tinha má formação – e que muita gente tinha “recomendado” que Simone
fizesse um aborto.
A cesárea seria de alto risco por causa da
possível hemorragia, o que obrigou Simone a um tratamento de 20 dias durante os
quais nem podia levantar-se da cama para evitar o deslocamento do coágulo.
Foram dias de terrível dor não somente física, mas principalmente
emocional: quanto tempo o filhinho estaria com ela?
“Durante aqueles dias, agradeci muito ao
Lucas por me salvar e também disse o quanto o amava, mesmo sem vê-lo”.
E nasce Luquinhas, para uma
visita de 26 minutos à luz deste mundo!
Em 12 de maio, véspera do Dia das Mães, Lucas
nasceu com 1,8 kg para estar com sua família durante inesquecíveis 26
minutos.
“Não consegui vê-lo pois, como o médico havia
previsto, tive muita hemorragia e fiquei no Centro de Terapia Intensiva por
quatro dias. Minha mãe, minha sogra, uma amiga e meu esposo disseram que ele
era lindo e perfeito; que visivelmente não tinha má formação”.
No CTI, Simone ainda dava forças para
outra mãe, que tinha perdido a filha.
“Só podia ser Deus mesmo para me sustentar
naquele momento”.
Dois dias depois, o marido e alguns
familiares e amigos fizeram o sepultamento do pequeno grande Lucas.
“Com muita dor não pude participar desse
momento também, pois estava fazendo transfusão de sangue. Fiquei muito fraca
por causa da hemorragia”.
Simone passou 30 dias no hospital até poder
voltar para casa.
“Terminei a licença maternidade, tomei
medicamento para secar o leite, fiz tratamento para a trombose, tudo com muita
luta, mas com a maior certeza do meu coração: fiz o que era certo. Quem diria
que, sete anos depois, eu iria contar essa história, próximo da mesma data, o
Dia das Mães. Me emociono como se fosse hoje e me sinto muito honrada por Deus
me escolher para viver essa história”.
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