“Nenhum
ser humano jamais pode ser incompatível com a vida, seja pela sua idade, pela
sua saúde e pela qualidade da sua existência. Toda criança, desde o seio da sua
mãe, é um dom, que muda a história de uma família. Ela deve ser sempre
bem-vinda, amada e cuidada”, disse o papa Francisco durante o Encontro
Internacional “Sim à vida: cuidado com o precioso dom da vida na fragilidade”.
O encontro, promovido pelo Dicastério para os
Leigos, a Família e a Vida e pela Fundação “O Coração em uma gota”, que
acolhe crianças recém-nascidas em extrema fragilidade, reuniu cerca de 300
participantes no Vaticano. Entre eles, o assessor da Comissão Episcopal para
Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre
Jorge Alves Filho.
Padre Jorge |
“Foi para mim uma demonstração de que
nossa Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família está em sintonia com
o pensamento do Papa Francisco. Em Roma refletimos sobre o sim à vida. Apoio às
famílias que enfrentam uma gravidez de crianças com alguma doença. Estar diante
do Papa é poder dizer a ele que trabalho na CNBB, justamente com a Pastoral
Familiar, que defende a vida, é verdadeiramente uma grande graça”, destacou.
Segundo padre Jorge, é sempre bom estar
diante de uma pessoa que tem demonstrado como é necessário que a Igreja se
aproxime mais das pessoas em suas realidades familiares bem-sucedidas, mas
principalmente daquelas que são mais frágeis. “Onde há uma família, ali deve
estar sempre um agente da Pastoral Familiar, sobretudo, lutando pela defesa da
vida”.
Em seu discurso, o papa disse ainda que as
crianças, em alguns casos, são definidas pela cultura do descarte como
incompatíveis com a vida. “Nenhum ser humano jamais pode ser
incompatível com a vida, seja pela sua idade, pela sua saúde e pela qualidade
da sua existência. Toda criança, desde o seio da sua mãe, é um dom, que muda a
história de uma família. Ela deve ser sempre bem-vinda, amada e cuidada”,
destacou.
Segundo o Pontífice, quando uma mulher
descobre que está esperando um filho, sente a profunda sensação de um mistério,
que cresce dentro de si, permeia todo o seu ser e a torna mãe. Entre ela e a
criança, Francisco afirma que instaura-se um intenso diálogo, uma relação real
desde o momento da concepção.
“Esta capacidade comunicativa não é só
da mulher, mas, sobretudo, da criança, que, em sua individualidade, envia
sinais da sua presença e das suas necessidades à mãe. Hoje, as técnicas
modernas fazem um diagnóstico pré-natal, prevendo malformações e patologias,
que poderiam comprometer a vida da criança e a serenidade da mulher”, explicou
o Papa, que prosseguiu alertando: “A autenticidade da sua evolução é muito
subjetiva e, eventualmente, pode ser resolvida com as devidas terapias. Por
isso, os médicos jamais devem esquecer o valor sagrado da vida humana e a sua
proteção”.
Foto: Vatican Media |
Aos médicos, o Santo Padre revelou: “A
profissão do médico é uma missão, uma vocação para a vida. Eles devem estar
conscientes de que são um dom para as famílias. Por isso, devem assumir a vida
dos outros, enfrentar a sua dor; serem capazes de tranquilizar e encontrar
soluções sempre no respeito da dignidade da vida humana”.
Ao cuidar das crianças terminais, Francisco
comentou que os médicos devem ajudar os pais a aceitarem a realidade e a
aliviar sua dor. “Infelizmente, a cultura dominante, hoje, não promove
este aspecto. Em nível social, o temor e a hostilidade, diante da deficiência
física, podem levar, muitas vezes, à escolha do aborto, como prática de
‘prevenção’”, completou o Pontífice que recordou o ensinamento da Igreja:
“A vida humana é sagrada e inviolável e
o uso da diagnose pré-natal, para propósitos seletivos, deve ser fortemente
desencorajado. O aborto nunca é a resposta ideal que as mulheres e as famílias
buscam. Neste sentido, as ações pastorais são sempre urgentes e necessárias
para criar espaços, lugares e ‘redes de amor’, aos quais os casais podem se
dirigir, além de dedicar tempo para acompanhar as famílias”.
O Santo Padre concluiu seu discurso aos
participantes no encontro internacional, agradecendo a todos os que trabalham
para a defesa da vida, em particular, às famílias, mães e pais, que acolheram a
vida frágil e, agora, são solidários e ajudam outras famílias. “Seu
testemunho de amor é um presente para o mundo!”, encerrou.
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