sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Sínodo dos Bispos: A Nova Evangelização não deve ser apenas um slogan




A abertura do Sínodo dos bispos sobre a Nova Evangelização, aconteceu no dia 7 de outubro, na Praça de São Pedro, presidida pelo Papa Bento XVI, com mais de 250 bispos. Os trabalhos do Sínodo dos Bispos prosseguem até o próximo dia 28 de outubro. Os participantes do Brasil são: Cardeal Dom Odilo Scherer, Dom Geraldo Lyrio, Som Sergio da Rocha e Dom Leonardo Steiner, eleitos pela assembleia da CNBB, e Dom Benedito Beni dos Santos, nomeado pelo Papa.

Matrimônio: a Boa Nova para o Mundo
As presidir a missa de abertura do Sínodo sobre a Nova Evangelização, no Vaticano, o Papa Bento XVI reafirmou que “o matrimônio se constitui, em si mesmo, um Evangelho, uma Boa Nova para o mundo de hoje, em particular para o mundo descristianizado”.

Com esta solene concelebração – disse o Papa na sua homilia – inauguramos a 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã.

Esta temática, disse o Papa, “responde a uma orientação programática para a vida da Igreja, de todos os seus membros, das famílias, comunidades, e das suas instituições. Tal perspectiva se reforça pela coincidência com o Ano da Fé e pelo 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II”. 

“A assembleia sinodal é dedicada a Nova Evangelização, para ajudar as pessoas a terem um novo encontro com o Senhor, o único que dá sentido profundo e paz para a existência; para favorecer a redescoberta da fé, a fonte de graça que traz alegria e esperança na vida pessoal, familiar e social. Esta orientação particular não deve diminuir nem o impulso missionário, em sentido próprio, nem as atividades ordinárias de evangelização nas nossas comunidades cristãs.”

Na reflexão do Evangelho, o Papa destacou o valor do matrimônio, lembrando que a Palavra de Deus era um convite para tornar mais consciente uma realidade já conhecida, mas talvez não totalmente apreciada. Não é uma coincidência, acrescentou o Papa. O matrimônio está ligado à fé, não num sentido genérico. “O matrimônio se fundamenta, enquanto união do amor fiel e indissolúvel, na graça que vem do Deus Uno e Trino, que em Cristo nos amou com um amor fiel até a Cruz.”

A chamada universal à santidade – disse Bento XVI – é uma das ideias chave do renovado impulso que o Concílio Vaticano II deu à evangelização que, como tal, aplica-se a todos os cristãos. Os santos são os verdadeiros protagonistas da evangelização em todas as suas expressões.

O Papa concluiu lembrando a proclamação da Santa medieval alemã, Hildegarda de Bingen, como Doutores da Igreja.

Modo de viver e testemunhar a fé
Na programação, o Sínodo fez também uma autocrítica e pediu um exame de consciência sobre o modo de viver e testemunhar a fé: o risco de burocratizar a vida sacramental e poder levar à perda de credibilidade e isso significa esquecer que para evangelizar é preciso ser evangelizado.

Foi destacado o forte chamado também ao Sacramento da Penitência, quase desaparecido em algumas regiões do mundo, e definido, ao invés, como o Sacramento da Nova Evangelização.

Foi também central o apelo a uma nova humildade da Igreja, de modo a não fechar-se em debates intra-eclesiais, mas saiba propor o Evangelho com humildade, na ótica de uma nova caridade.

Foi destacada a importância de evitar a repetição de escândalos na vida sacerdotal e de se responder à emergência educacional porque – foi frisado – não se pode evangelizar bem se não se educa bem e vice-versa.

Talvez – pergunta-se o Sínodo – a “pedra angular” da Nova Evangelização esteja justamente no passar de uma pastoral passiva e de mera conservação a uma pastoral intrépida, de missão permanente, que veja sacerdotes testemunhar a Boa Nova com entusiasmo.

Algumas reflexões dos padres sinodais auspiciam uma consagração de mundo ao Espírito Santo, olhando para Maria como primeiro exemplo de mulher leiga evangelizadora, e para o diálogo entre a beleza da arte e da fé como instrumento de Nova Evangelização.

Nos pronunciamentos da presença da Igreja nos continentes, o denominador comum foi o desafio da globalização que tende a transformar as culturas locais, desagregando os seus valores tradicionais como a família.

Especificamente, para a Igreja na América Latina, unir a Nova Evangelização com a Missão Continental e, ao mesmo tempo, fazer um exame de consciência sobre o modo de viver a fé, apostando na família como Igreja doméstica e envolvendo os leigos, definidos como os principais protagonistas da Nova Evangelização.

No geral, o grande auspício comum dos relatórios é que se prossiga o caminho iniciado com coragem e otimismo, mostrando respeito por quem ainda não recebeu o dom da fé e fazendo de modo que a Nova Evangelização não seja somente um slogan.

Carlos Moioli

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