Por D. Antonio Augusto Dias Duarte
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
No início
de um novo ano, 2014, surgem no horizonte dos seguintes meses as mais distintas
opções de vida, umas de natureza política, – as eleições de outubro –, outras,
esportivas, – a Copa do Mundo de Futebol em junho/julho –, até mesmo há opções
de caráter eclesial, – a Campanha da Fraternidade da CNBB sobre o tráfico
humano –, e tantas outras que irão surgindo ao longo do ano.
Opções de
escolha é que não irão faltar para essa nova etapa temporal da vida, porém deve
sobressair-se de todas elas uma muito mais significativa e necessária para toda
a humanidade.
Refiro-me
à Opção de Vida que o nosso Criador, Deus–Pai, oferece a todos os cristãos e,
também – por que não? –, a todos os muçulmanos, judeus, budistas, hindus,
afro-descendentes, enfim, aos homens e mulheres de boa vontade que querem
defender a vida no Planeta Terra.
A Opção de
Vida é a opção do zelo, da custódia, da proteção e da prevenção da Vida, que é
um dom divino, e um dom destinado para o bem de toda humanidade.
As décadas
passadas foram, no seu tempo, construídas por inúmeros Anos Novos e neles se
destacou, infelizmente, a opção favorável à morte. Uma cultura fria, indiferente
e distante do bem humanitário que deveria existir para todas as pessoas. Esta
opção pela morte é cruel e recente, infelizmente muito espalhada, e marcou a
passagem das décadas passadas como um tempo para matar crianças, idosos,
doentes e portadores de deficiência.
Essa
cultura da morte encontra adeptos em alguns planos de certos governos, em
objetivos de algumas instituições internacionais e organizações não
governamentais, em determinados Conselhos Internacionais de Direitos Humanos,
até em projetos legislativos e mesmo no pensamento de alguns magistrados de
Tribunais de Justiça de vários países latino-americanos.
A Opção de
Vida que se pode assumir em 2014 não se resume apenas ao combate à cultura da
morte. É uma opção construtiva, e não só contra o aborto e a eutanásia, crimes
injustificados e condenados pela grande maioria do povo brasileiro. Compreende
sim impedir esses crimes contra a vida, mas acima de tudo a Opção de Vida é
pela vida em plenitude, como nos anunciou Jesus.
O próximo
santo da Igreja Católica, o Papa João Paulo II, não se limitou ao longo do seu
Magistério petrino só em combater a cultura da morte, mas exortou toda
humanidade a criar uma mobilização geral das consciências e a fazer um esforço
ético para se realizar uma grande estratégia em favor da vida.
“Todos
juntos devemos construir uma nova cultura da vida (...). A urgência dessa
viragem cultural está ligada à situação histórica que estamos atravessando, mas
radica-se, sobretudo, na própria missão evangelizadora confiada à Igreja” (cf.
Enc. Evangelho da vida, n. 95).
Essa
exortação vai comemorar 20 anos de publicação em 2015, e por isso mesmo 2014
deveria ser um ano de intensa mudança cultural. Nesse sentido, pode-se
facilitar essa opção pela vida concretizando umas linhas de opções bem
práticas:
Buscar a
solução para a dissociação entre a fé cristã e as suas exigências éticas a
respeito da vida é uma opção de vida. Como se pode verificar, os cristãos
correm o risco de serem deformados pelo subjetivismo ético e por certos comportamentos
inaceitáveis na sociedade atual com relação ao valor da vida humana e da vida
do Planeta Terra.
Por isso
mesmo é urgente clarificar muito a consciência dos homens e mulheres batizadas
para que saibam quais os passos que precisam dar para servirem à Vida. Nas
famílias, nas Igrejas, nas escolas, nas Universidades, esse serviço seria muito
eficiente desde que haja maior divulgação do pensamento da Igreja Católica,
assim como das pesquisas médicas, sociológicas, econômicas, que destacam o
valor enorme da vida para o crescimento sadio das futuras gerações.
Tanto nos
documentos da Igreja quanto nas sérias publicações científicas se considera a
vida humana e a vida do planeta como os maiores benefícios humanitários para os
países que querem ter um desenvolvimento sustentável.
O combate
à fome, à violência, às drogas, ao aborto, à eutanásia, não se faz unicamente
por motivos religiosos. Preservar a vida é proteger a civilização atual e
posterior!
Principalmente,
cabe aos cristãos no atual momento histórico apresentar suas famílias como
verdadeiros santuários da vida, lugar onde ela não só é convenientemente
acolhida e protegida, mas como um âmbito de construção de uma cultura da vida.
Essa
cultura brotará naturalmente dos lares cristãos quando cada casal de esposos e
pais, cada filho e irmão, demonstrarem com suas atitudes e palavras que a vida
humana é um dom recebido a fim de, por sua vez, ser dado, ser compartilhado com
outras vidas.
O dom
sincero da própria vida é a condição indispensável para que a opção de vida
seja de todos e não só de algumas pessoas que se engajam em movimentos a favor
da vida.
Dar-se é
de tamanha eficácia e gera tão grande alegria de viver, que é impossível alguém
pensar que a sua vida, ou de um bebê gerado no seio maternal, ou de uma pessoa
portadora de deficiência, não tem um valor inestimável para o mundo.
Ninguém
pode começar o Novo Ano de 2014 sem optar, de forma consciente, livre e
responsável, em favor da vida possuída e doada por amor e com muito amor à
atual e futuras gerações da humanidade.
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